Eu tinha sete anos de idade e não sabia o que estava fazendo. Minha mãe me arrumou, me deu um saco plástico com um caderno sem arame, um lápis com uma borracha em uma de suas extremidades, e, assim, iniciava-se um novo ciclo na minha vida.
Acompanhado de minha irmã mais velha, fui para a escola, primeiro dia de aula. Nossa mãe nos levou.
Até ali, eu nunca tinha visto um lápis. A ideia de utilizar aquilo, com a possibilidade de apagar e fazer de novo, igualmente ou não, atraiu-me. Riscar era criar. A criança, em verdade, desenha, mesmo que sejam as letras do alfabeto. E se sente criativa, inovadora. Eu me sentia assim. Um lápis, uma borracha, um caderno. Descobertas.
E com o lápis, escrever, o que se aprende depois, com as aulas e exercícios. Aí já é compreender melhor as palavras, sua grafia, significados, um mundo que se abre. Mas, no início de tudo, a magia do lápis, objeto esguio e elegante, sutil e amigo.
Num blog British Library, encontrei isto:
"A palavra 'lápis' vem do francês antigo pincel , e do latim penicillus ou "cauda pequena" , e originalmente se referia a um pincel fino de pêlo de camelo de um artista na Idade Média, embora o uso de uma forma de pincel para desenhar remonte a os primeiros petrógrafos ou pinturas rupestres. A partir disso, desenvolveu-se o estilete, às vezes feito de chumbo, daí nosso termo errôneo para o núcleo de escrita de um lápis."
As coisas simples, como o lápis, vão desaparecendo das nossas vidas. Não que sumam mesmo, afinal, estão todas aí. Digo que desaparecem no sentido de se amiudarem. E o momento primeiro e fundamental que elas geram cai no esquecimento, como se aquele início não tivesse sido essencial - e mágico - para nós.
De certa forma, é com estranheza que reencontramos tais coisas. Ou, melhor dizendo, que reencontramos nossa capacidade de percebê-las, senti-las e compreender seus significados. Como as nuvens que vemos (mas não vemos, não é?) todos os dias.
Ah, mas que importa isso?
Caso você ainda faça esta pergunta, é porque necessita recuperar sua "visão". E seu lápis!
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Pequeno, mas possível. E suficiente. Mínimo, humilde, adequado. Este bloguinho de nome curioso - Só Um Transeunte -, o qual se quer simples e de bom uso, é administrado por Webston Moura, que é Tecnólogo de Frutos Tropicais, cronista e poeta.
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