Beira de rio, raso de água. Entre lodo, plantas e areia, aqueles peixes pequeninos, piabas, furtivamente deslizando. O sol me bate às costas, mas o vento me suaviza o calor. É longe, mas especialmente no tempo. Criança, novamente sou sem maiores máculas. Uma manhã me pertence, como pertence aos meus amiguinhos, esses que brincam, dentro ou fora da água. O tempo os levará e nos esqueceremos uns dos outros. Mas nada disso será por mal. É apenas a vida como ela sempre acontece.
Esta data, que é, como outras, do dia tal dalgum mês, não a lembrarei exatamente quando o futuro chegar. Aqui, à beira deste velho rio, sequer me dou conta de algo mais que o momento. Não sei pescar, nem aprenderei, mas não importa. Mais tarde, observarei minhas mãos enrugadas pelo tempo tanto que passei sob a água. Antes, almoçarei, sem cansaço, afinal, sou criança e não me canso facilmente. A tarde seguirá, lenta e arrastada. Por ora, o rio passa, o tempo passa, sem pressa, e eu cá estou.