Uma imagem, sua multiplicação rápida, muitos olhares sobre ela, elogios (ou desdém) e, em seguida, o esquecimento. Assim tem sido com o que (não) degustamos nestes tempos de velocidade, de instantaneidade, de miríades de informação e discussões mil. Entretanto, não estou aqui para cair no lugar-comum que é falar mal da internet. Vejo a rede global como possibilidade e, como tudo que é impactante, impossível de também gerar mudanças, digamos, perturbadoras.
Parei para ver esta imagem, cujo autor (ou autora) não consegui encontrar. É uma foto, não uma pintura, nem arte digital. Como se vê, é o galho de uma planta e, ao fundo, o céu azul destacando uma nuvem. O galho parece segurar a nuvem.
Penso que quem disso se deu conta, não apenas percebeu a possibilidade de brincar com planta e nuvem, criando a "ilusão" de que a primeira segura a segunda. Mas, mais: percebeu poder captar um detalhe, detalhe de beleza, beleza leve e gratuita, ali na sua frente. Para tanto, parou e não apenas viu - demorou-se em ver, olhou, pousou sua alma no acontecimento.
O detalhe. Como grãos de areia quando os descobrimos na infância, lembra? Uns que se parecem minúsculos pedaços de vidro, todos muito bonitos. Ou quando observamos um pássaro fazendo um ninho. Ele sai e cata material em algum lugar, depois volta e com o bico ajeita aqui e ali, preparando um aconchego para si e sua futura prole.
Um galho, o dia claro, o céu azul, uma nuvem em paz. Tudo isso está acontecendo o tempo inteiro, mas não vemos mais. Porque o estilo de vida que carregamos nos diz serem outras coisas mais importantes. Perdemos, assim, o conhecimento sobre o que é direto, objetivo, sem maiores intermediações. Cegamos para o que está, como magia e milagre, diante de nós, seja o que for.
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Pequeno, mas possível. E suficiente. Mínimo, humilde, adequado. Este bloguinho de nome curioso - Só Um Transeunte -, o qual se quer simples e de bom uso, é administrado por Webston Moura, que é Tecnólogo de Frutos Tropicais, cronista e poeta.
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